Poema sem nome [11]

procuramos marcar o tempo
fatiar os anos
meses
dias
horas
segundos
e sabe-se lá mais o quê
e o que sobra não tem mais
para o amor
e viramos restos que passam
os dias
procurando a pessoa
que nos tire o vazio
porque a lucidez foi
penhorada
entregue aos senhores
do seu tempo
e somos isso
a esperança depositada
no grande Girassol
que rasteja
pisada
por tanta gente
apressada
fatiando sua vida em tempos
precisos
e também inexatos
em busca da glória
amorosa
profissional
econômica
mas sem acreditar
no meio
nesse meio que abre ferida
e que no fim é aprisionado
por qualquer coisa
que você jamais terá controle

amores e restos de gente
que rastejam

G.C.

Poema sem nome [6]

rogo à ti
para não morrer
nos vestígios do que fomos
nas memórias com nossos
pés descalços na água

encontro-me no que
não posso ser
perco-me nos locais
que nunca fui
a nuvem
que alimenta
nossos sonhos
que não
foram

meu girassol

G.C.